Este blog foi criado como estratégia pedagógica para aperfeiçoamento do uso das ferramentas digitais proposto pelo curso Leitura e Escrita em Contexto Digital, do programa Práticas de Leitura, oferecido pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo a professores da rede pública. Tais atividades integram uma gama de experiências teóricas e práticas realizadas a distância, em método modular, tendo em vista, principalmente, o objetivo de criar capacidades para interagir em contexto digital.

Deixe comentários sobre suas experiências com as ferramentas digitais !

sábado, 12 de maio de 2012

RELATO REFLEXIVO

Estar na área da educação é ter a certeza de que mudanças sociais estão ocorrendo rapidamente. Sendo assim, para nós educadores, é de suma importância apresentarmos a consciência de que precisamos acompanhar essas transformações e inseri-las no cotidiano escolar. Diante desse panorama, estou sempre em busca de oportunidades que proporcionem a otimização das estratégias de ensino que utilizamos em sala de aula. Durante a minha trajetória profissional, por exemplo, tenho participado de vários cursos, este último, Práticas de Leitura na Contemporaneidade, fez-me repensar minha postura diante do uso das novas tecnologias, uma vez que percebi que o computador e a internet podem otimizar o processo ensino-aprendizagem. No decorrer das atividades dos módulos oferecidos pelo curso, trabalhados de forma articulada e contextualizada, através da interação com outros profissionais, certifiquei-me de que posso estimular a aprendizagem dos meus alunos e dinamizar o cotidiano escolar a fim de somar conhecimentos. As atividades de produção textual em ambiente virtual proporcionaram um espaço efetivo de interação verbal, refletindo e retratando as situações reais de uso. Ademais, as oportunidades de troca de informações nos fóruns mostraram como esse recurso pode ser um suporte pedagógico eficiente, visto que, além de fortalecer as relações sociais, propicia a socialização do conhecimento e espírito de cooperação. Logo, esse processo constante de busca pelo conhecimento confirma que o educador brasileiro está empenhado em desenvolver novas habilidades e preparar seu aluno para obter autonomia e iniciativa.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

RELATO REFLEXIVO



Inesquecíveis momentos de aprendizado
Várias foram as contribuições adquiridas por intermédio deste curso, pois mesmo pertencendo à área de Códigos e linguagens (Língua Portuguesa) percebi o quão díficil é a arte de escrever, acredito que esta é sobretudo um grande ato de coragem, pois não é nada fácil redigir textos tendo a consciência que estes estarão disponíveis, em uma esfera digital para análises/ críticas/sugestões de outros colegas, por mais que tenhamos a clareza de que todos os textos tem sempre leitores/ receptores. Fez-me também refletir e colocar-me no lugar de alguns alunos que algumas vezes apresentam dificuldades ao escreverem ou exporem as sua ideias. Com certeza, reverei algumas posturas metodológicas ao retornar às aulas, já que no momento encontro-me na função de Professora Coordenadora do Ensino Fundamental II.
Acredito que são experiências positivas como estas que nos fazem melhorar cada vez mais como profissionais e como cidadãos conscientes e críticos em relação aos papéis sociais que desempenhamos a todo momento nas mais diversificadas posições que nos encontramos em nosso cotidiano.
Outra magnífica e inesquecível experiência está atrelada à elaboração e construção do BLOG, pois para mim foi tudo novidade já que não tinha nenhum conhecimento prévio em relação à essa ferramenta comunicacional, mas agora depois de tudo concretizado confesso que estou gostando muito e gostaria até de propor a todos os meus colegas de grupo que continuássemos a compartilhar e usufruir deste espaço digital, para realizarmos várias interações e enriquecermos cada vez mais o nosso repertório de trocas constantes de experiências, além é claro de continuarmos a interagirmos com os nossos pares que muito corroboraram para com o sucesso e aprendizado adquiridos através deste módulo do curso.

domingo, 29 de abril de 2012


Publicando sua produção

A partir dos conceitos de esfera de atividade e de gêneros do discurso, foi sugerida a atividade de produção textual reconhecendo suas características e relacionando-as ao gênero e ao contexto de produção. Notícias para um jornal voltado para as classes A e B foram produzidas a partir da sequência ao lado.


Veja os textos produzidos:

O misterioso cadáver do palacete

Inusitada ocorrência policial foi registrada na manhã desta quinta-feira em bairro nobre da cidade. Quando se preparava para iniciar mais um dia de trabalho, Mr. Alfred, famoso empresário paulistano, foi surpreendido com um cadáver, à porta de seu palacete, na zona nobre da cidade. Ao interromper seu banho matinal para atender a campainha da porta, Mr Afred deparou-se com o corpo, já em estado de rigidez cadavérica, ali deixado por alguém que abandonara o local. A Polícia Científica incumbiu-se das diligências necessárias para a investigação do caso.

(José Milton)

Corpo encontrado em área nobre

Neste domingo de Páscoa, a polícia militar foi acionada para atender a uma ocorrência num condomínio residencial de classe alta. Chegando ao local, frente à residência, depara com um corpo embrulhado em um saco de lixo. Em depoimento à polícia, o morador que prefere ter sua identificação preservada, relatou que ao acordar, estava preparando sua refeição matinal, sendo interrompido pelo som da campainha e ao atender a porta não deparou com ninguém, avistando em sua porta o saco de lixo com um corpo do sexo masculino aparentando trinta anos, apresentava marcas de facadas. A polícia ainda não sabe as causas da morte, porém não descarta a hipótese de latrocínio ou acerto de contas, uma vez que o rapaz vivia drogado e era conhecido na região.

(Waddington)

As surpresas da vida ou da morte?

Mais um crime abala as estruturas de um grande condomínio nas imediações do Morumbi, Zona Sul de São Paulo. Segundo relatos do Sr. Carlos Matias – 42 anos, a esta redação, por volta da 7h30 da última sexta-feira (20/04/12), após ter realizado as suas respectivas atividades matinais, ouviu o soar da campainha. Ao abrir a porta encontrou-se defronte a um homem caído ao chão, bem à entrada de seu hall, depois de certificar-se de que se tratava de um cadáver, optou por contactar rapidamente as autoridades competentes (26ºBPMM) a fim de que todos os procedimentos e averiguações fossem realizados.

(Kássia)

Morador de bairro nobre depara-se com homem morto na porta de casa

Um homem foi encontrado morto na madrugada desta quarta-feira em um prédio residencial em bairro nobre de São Paulo. O fato ocorreu na rua Treze de Novembro, no bairro das Pitangas. Segundo à Polícia Militar, um morador do prédio encontrou o corpo no hall de entrada de seu apartamento. Em depoimento, ele relatou que minutos antes de encontrar o cadáver, fazia suas abluções matinais, quando repentinamente a campainha de seu apartamento soou. Dirigiu-se à porta, destrancou-a e, quando a abriu, deparou-se com o corpo já em estado de rigidez. Imediatamente, ligou para a central de polícia. As causas da morte ainda estão sendo investigadas, mas não se descarta a hipótese de crime passional.

(Cláudia)

Relatos de experiências com a palavra escrita

Reminiscência

Um dia desses fiquei com o peito apertado de saudade. Passeando na praça central dacidade, assim do nada, senti o arrebatador aroma da “moreninha”. Explicomelhor: a minha professora de Língua Portuguesa da primeira série do ginásio -era assim que se falava na época – havia determinado que lêssemos um romance e,da relação estabelecida, coube-me ler “A Moreninha”, do escritor Joaquim Manoelde Macedo. Retirei o livro na biblioteca da escola e desde a primeira vez que oabri fiquei, digamos, inebriado pelo perfume que ele exalava. Penso que,propositadamente, uma das leitoras deva ter chuviscado aquele perfume pelaspáginas do livro. Ocorre que, meio século depois, ainda posso reconhecer aquelearoma que me acompanhou durante a leitura daquela história de amor, tendo comocenário a Ilha de Paquetá, com a mocinha e o mocinho que se conhecem, seapaixonam e acontecem coisas que atrapalham a consumação do amor entre eles,até que, ao final os dois terminam felizes para sempre.


Serialeviano se afirmasse que fui apaixonado por leituras. As leituras que fiz nainfância foram por obrigação e não por prazer. Meu, meu primeiro contato com omundo da leitura se fez com a “Cartilha Sodré” da qual tenho gratasreminiscências, no que pesem aquelas frases desconexas e sem qualquersignificado real. Com alegria relembro daquelas lições que cuidaram de garantira minha inserção no mundo da leitura e da escrita. Já pesquisei no Google, semnenhum sucesso!


Dequalquer forma não se pode negar que a leitura sempre exerceu grandeimportância no desenvolvimento das crianças.


JoséMilton Pavani Parolin

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Despertar da Leitura

Desde a mais tenra idade (por volta dos 3 ou 4 anos), segundo conta minha mãe, antes mesmo de saber ler e escrever eu já vivia rodeada de livros, colocavá-os em uma bolsa e brincava de ler, com certeza, inventava estórias eu reproduzia algumas que meus familiares me contavam, ou seja, lia de mentirinha. Logo após alfabetizar-me e adentrar ao maravilhoso universo da leitura, lembro-me que tentava ler alguns livros, mas ainda não conseguia lê-los na íntegra. Até que um belo dia encontrei uma professora (Neide - 5ª série) que estimulou-me muito a ler um livro por inteiro, desta forma, o meu primeiro livro foi Os barcos de papel, que obra maravilhosa, cheia de detalhes que aguçavam cada vez mais a minha imaginação. Desde aquela época, nunca mais parei de ler, adoro qualquer tipo de livro/ assunto, confesso que neste aspecto sou bem eclética.
Atualmente dedico minhas leituras à minha formação profissional, livros, artigos ou assuntos que de fato venham corroborar para com a atual função que desempenho, coordenadora pedagógica. Mas como não sou de ferro, sempre que tenho um tempo extra ou mesmo durante o período de férias, dedico-me à leituras por prazer com vários temas diversificados, que contribuam para com o descanso e para com o recarregar das minhas energias.
Quando estava em sala de aula lecionando sempre desenvolvia projetos atrelados à minha área de atuação - Língua Portuguesa - atividades estas que despertavam o prazer pela leitura e pela escrita ( poesias, obras literárias, encenações,dramatizações, visitas periódicas à sala de leitura). Aproveito este interim para comentar sobre um maravilhoso livro que muito ajudou-me a ampliar a minha visão pedagógica em relação à leitura de obras clássicas para os jovens, além de dinamizar muito mais as minhas aulas - Ana Maria Machado - Como e por que ler os clássicos universais desde cedo.
Portanto, acredito que a leitura nos imerge num mundo desconhecido, nos leva ao conhecimento do outro, à exploração da diversidade numa amplitude inimaginável, transpondo-nos a outros espaços e tempos distantes ou futuros que aguçam e fertilizam a nossa vida e a nossa imaginação.

Experiência Pedagógica

No ano de 2005, desenvolvi um projeto voltado à formação de leitores, para as 7ª séries em que lecionava em uma escola da Rede Pública Paulista, na região da Grande São Paulo.
Essa experiência pedagógica partiu da necessidade de levar para dentro das salas de aula, o prazer por ler um livro, já que muitos educandos não tinham esse hábito e outros ainda tinham o costume de iniciar alguma leitura e não terminá-la; vários motivos eram elucidados para justificar tais ações.
Para aguçar a curiosidade dos alunos, no início, optei por contar de forma breve e em aulas alternadas, alguns trechos de livros que já havia lido, sempre deixando alguns suspenses no ar. Comecei a perceber que alguns dos discentes vinham procurar-me para que eu emprestasse o livro ou para que os ajudasse a procurá-lo na biblioteca da escola.
Certo dia, li em sala de aula o 1º capítulo de uma adaptação de Walcyr Carrasco, bem interessante do livro: Os Miseráveis – Vitor Hugo. Lembro-me que quando terminei esse capítulo, ainda restava algum tempo para que ocorresse a troca de aula/ classe e a sala em coro solicitou-me que continuasse a ler só mais um pouquinho...
Nos dias que se seguiram, continuamos a ler o livro só que de forma alternada, pois cada um dos alunos lia um trecho e/ ou capítulo até que terminamos a leitura de forma bem dinâmica e interativa.
Naquela época, muitos educandos despertaram para o maravilhoso mundo da leitura. De vez em quando, eu percebia que havia um misto de competição saudável entre os alunos, pois todos sempre queriam contar-me algo que estavam lendo ou que estavam por ler. A família também foi fundamental neste período de formação de leitores, porque muitos pais perceberam a mudança de hábitos em seus filhos e comentavam nas reuniões, que eles estavam lendo mais e melhor.
No ano seguinte, optei por continuar com as mesmas turmas e pude de fato não só concretizar o meu trabalho como solidificá-lo e ampliá-lo, atingindo assim, um número maior de leitores, pois além de lermos vários livros de diferentes gêneros textuais, durante o ano letivo, criávamos oficinas literárias, exposições, dramatizações, confecções de livrinhos ...
Vale destacar, que a maioria desses maravilhosos alunos foi para o Ensino Médio, formaram-se e até hoje quando os encontro, sempre de acordo com os acasos da vida, eles rememoram as nossas aulas e confessam-se ainda leitores ativos, seja como vestibulandos, graduandos ou quaisquer outros papéis sociais que estejam desempenhando no momento.
Diante do exposto, fico muito feliz enquanto educadora por ter mudado a maneira errônea de alguns educandos pensarem ou dirigirem-se à leitura e por ter de fato proporcionado a mudança de um espaço educativo e social.

sábado, 14 de abril de 2012

Leitura, experiência viva.

A leitura em minha experiência de vida? Bem, no início dos meus anos escolares posso dizer que tive traumas da forma que me impuseram na obrigação da leitura. Já pequeno nunca fui incentivado para este ato. Na escola a leitura era obrigação e não prazer. Acredito que só fui despertado mesmo para a leitura com meus dezoito anos, quando encontrei pessoas de uma forma, no meu ver inteligente, contava fatos, porém sem concluir, aguçando a curiosidade e quando perguntava pelo fim, me fazia buscar nos livros as respostas para minhas indagações.Hoje, quem diria, sou professor numa área, filosofia, em que a leitura e a escrita se torna fundamental. Livros de termos técnicos não me atraem tanto, mas a literatura colocada da forma do Jostein Gaarder em sua célebre obra “O mundo de Sofia”, me fez afirmar o que desconfiava, mas não tinha a coragem de admitir, minha paixão pela leitura. Uma mescla de conhecimento com romance ou aventura se faz presente em seus livros. Meu despertar por este tipo de literatura me fez consumir outros livros não só do Jostein Gaarder, como de outro autores que segue a mesma linha, como por exemplo, Catherine Clément em “A viagem de Theo”.Tenho no momento, dois presentes imensuráveis que são minhas filhas, e procurei desde cedo fazer com que elas se despertassem para a leitura, mas não de uma forma traumática como tive em minha infância. A tática? Não só deixa-las perto dos livros, como contar histórias inacabadas, aguçando a curiosidade e fazendo com que corresse atrás para saciá-la, e posso dizer que sinto feliz por ter dado certo, pois hoje elas mesmas correm atrás de suas próprias literaturas.


(Profº Waddington Pacheco Rangel)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Letramento diferente

Partindo do princípio que o espaço da escrita é o campo físico e visual definido por uma determinada tecnologia de escrita, podemos observar que com o avanço da tecnologia a partir do meio digital, difere da escrita no papel, por permitir ao leitor novas formas de acesso a informação, bem como novos processos cognitivos, com novas formas de conhecimento, ou seja, uma nova condição para aqueles que exercem a prática de leitura e escrita na tela.

Diferencialmente da escrita no papel, que apresenta uma escrita linear, o texto na tela é lido de forma multilinear, não apresentando uma ordem predefinida, permitindo ao leitor navegar pelos textos por intermédio de links dando a liberdade ao leitor escolher o início e fim dos mesmos a partir do momento que se sente por satisfeito da informação que estava procurando; caso não acontece com a escrita linear onde a página é uma unidade estrutural, identificando claramente seu começo e seu fim, com páginas numeradas atribuindo uma determinada posição numa ordem consecutiva, não permitindo a diversidade de leitura como favorece os hipertextos.

Enfim, o texto na tela, como novo espaço de escrita traz significativas mudanças nas formas de interação entre o leitor e escritor, permitindo novas formas de acesso à informação, como também novos processos cognitivos, isto é, uma nova condição para aqueles que exercitam práticas de escrita e leitura na tela.

(Prof° Waddington Pacheco Rangel)

"É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."

Fernando Pessoa

Relatar e compartilhar as memórias de minhas leituras é algo prazeroso, uma vez que revivo momentos de emoção, temor, confiança, aventura, amor, enfim, sentimentos vividos nas passagens de cada narrativa lida. Não cresci em uma família leitora, entretanto não foi empecilho para que eu me tornasse uma leitora assídua. Comecei minha trajetória a partir de uma narrativa sugerida pela professora de Língua Portuguesa, na quinta série, não me recordo de incentivo à leitura antes disso, foi então que descobri que ler é viajar por universos desconhecidos, mágicos e instigantes. Esse incentivo foi um divisor de águas em minha vida, pois passei a ter contato com livros por iniciativa própria. Recordo-me bem quando ia casa de minha tia e ficava fascinada com sua estante repleta de livros que me convidavam para a leitura, claro que não dispensava tal convite. Li O Guarani, de José de Alencar, com 11 anos, amei as aventuras do índio, é claro que na época não percebi as influências europeias enrustidas na personagem, não tinha bagagem para isso, mas mergulhei em suas caçadas e proteção a sua amada Ceci. Assim passei a ter fome de leitura, não havia critério para a seleção de gêneros e autores, narrativas de autores estrangeiros também me atraiam, até ganhei de minha mãe uma coleção de Danielle Steel, li cada página intensamente. Hoje tenho consciência de que a leitura é fundamental para a formação de uma pessoa, por isso procuro passar a meus alunos essa magia presente em cada trecho de livro sugerido para leitura. Tento não transformar a aulas de leitura em uma tarefa hercúlea, ao contrário, apresento-lhes a vida através dos livros.

Profª Cláudia Dantas P. de Sousa

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O hipertexto no contexto educacional

O hipertexto no contexto educacional



O escolar (O filho do carteiro), Vincent Van Gogh, 1888

Num primeiro lançar de olhos percebemos que assim como reconfigura o papel do autor-escritor e do usuário-leitor, alterando a idéia de posse e de autoria de um texto fisicamente ilhado, com significado único, e hierarquicamente superior aos comentários e notas que dizem respeito a ele, o hipertexto pode afetar, também, a forma de atuação do professor e do aluno. O professor tem parte de sua autoridade e poder transferidos ao aluno, tornando-se mais um colaborador no processo de ensino e aprendizagem, que assume características de parceria. O aluno, tal como o leitor do hipertexto, torna-se mais ativamente participante em relação ao processo de aquisição de conhecimentos, pelo fato de lhe ser facultado elaborar livremente, sob a sua própria responsabilidade, trajetos de seu interesse, acessando, seqüenciando, derivando significados novos e acrescentando comentários pessoais às informações que lhe possam ser apresentadas.

Sem nosdeixarmos seduzir pela utopia tecnológica poderíamos enumerar, ainda, algumas das vantagens do uso do hipertexto, quando cuidadosamente planejado:

  • sistemas de hipertexto enquanto ferramentas de ensino e aprendizagem parecem facilitar um ambiente no qual a aprendizagem acontece de forma incidental e por descoberta, pois ao tentar localizar uma informação, os usuários de hipertexto, participam ativamente de um processo de busca e construção do conhecimento, forma de aprendizagem considerada como mais duradoura e transferível do que aquela direta e explicita;
  • uma sala de aula onde se trabalha com hipertextos se transforma num espaço transacional apropriado ao ensino e aprendizagem colaborativos, mas também adequado ao atendimento de diferenças individuais, quanto ao grau de dificuldades, ritmo de trabalho e interesse;
  • para os professores hipertextos se constituem como recursos importantes para organizar material de diferentes disciplinas ministradas simultaneamente ou em ocasião anterior e mesmo para recompor colaborações preciosas entre diferentes turmas de alunos.

Lina Morgado (1998), em um estudo intitulado"O lugar do hipertexto na aprendizagem: alguns princípios para a sua concepção", cuja abordagem tem como suporte teórico teorias psicológicas da aprendizagem, faz algumas considerações interessantes sobre as vantagens da aprendizagem através dos sistemas de hipertexto contrapondo-as à possibilidade, segundo alguns, de estarmos diante de mais um meio de acesso à informação, entre muitos.

Verifica, entre os autores que abordam o tema, duas vertentes: autores que o definem como um sistema de aprendizagem em que algum tipo de aprendizagem ocorre da utilização de um sistema de informação e autores que o definem como sistema de ensino, ligado a contextos formais e tarefas orientadas para objetivos.

Encontra, ainda, diferentes perspectivas: aprendizagem por descoberta em que, em uma rede de conhecimentos interligados, o usuário aprenderá explorando e descobrindo no espaço de informações, de modo incidental e pela experiência pessoal; aprendizagem associativa em que o usuário, informalmente, e por fatores motivacionais, realiza algum tipo de aprendizagem; aprendizagem implícita em oposição à aprendizagem explícita.

Há, porém, um certo consenso no sentido de que o hipertexto possibilita um alto grau de autonomia e que contribui para que se expressem estratégias individuais de aprendizagem, sendo o sujeito responsável pelo processo.

Alguns autores adiantam que"instrumentos e características do hipertexto devem ser conseguidos explicitamente para apoiar e facilitar à aprendizagem de per si"(Mayes et al. 1990, pág. 122, citado por Morgado, 1998).

Outro aspecto fundamental do hipertexto é sua eficiência no planejamento e desenvolvimento de cursos à distância, facilitando a informação a estudantes localizados nos mais distintos pontos. Finalmente hipertextos tornam realidade a abordagem interdisciplinar dos mais diversos temas, abolindo as fronteiras que separam as áreas do conhecimento.

Paralelamente aos aspectos positivos os teóricos do hipertexto apontam, também, os problemas que podem advir de seu uso como sistema de ensino e aprendizagem. Para Santos a característica de não linearidade exige atenção redobrada para que o foco de pesquisa não seja deslocado para assuntos diversos, também de interesse do aluno e do pesquisador, mas que não se definem como complementares àquela intertextualidade que o leitor hipertextual buscava no início da pesquisa.

Snyder (1996) aponta para os fatos de que: o texto eletrônico depende de uma tecnologia emergente, sujeita a constantes transformações; a boa utilização do hipertexto passa por um conhecimento da máquina para que sejam devida e corretamente explorados os seus recursos - um certo conhecimento da gramática da tela que oriente a escrita para que seja mais adequada ao meio que a torna possível.

Entendemos, porém, que, muito mais do que uma simples enumeração de vantagens e problemas há que se usar o argumento de uma reflexão sobre o hipertexto, o qual se apresenta não só como uma nova forma de produção e transmissão cultural, mas também de escrita e leitura, para se repensar alguns aspectos da própria educação.

Silva (1996, pág. 139), citando Giroux, menciona o uso da expressão "linguagem da possibilidade" como uma forma de oferecer alternativas para se suplantar a tendência de análise exclusivamente crítica que preponderou durante anos no âmbito da teoria educacional impedindo e tolhendo atuações concretas sobre a realidade para a superação das condições existentes.

Esta postura, com respeito à união entre a análise e a oferta de alternativas, para uma ação política de intervenção, veio tomando corpo à medida que se consolidou um enfoque da educação à luz da teoria cultural, seja através das postulações de autores da denominada "Nova Sociologia da Educação" (NSE), seja através do desenvolvimento e da discussão das idéias pós-estruturalistas e pós-modernas.

A proposta da Nova Sociologia da Educação (NSE) tem como base as formulações teóricas de Michael Young (1977) em que são criticadas as "manifestações curriculares": currículo como fato e currículo como prática. A primeira por ser aistórica e por obscurecer as relações desiguais entre os homens, a segunda por reduzir a realidade social às intenções e ações subjetivas de alunos e professores como é o caso da pedagogia da libertação de Paulo Freire (Veiga-Neto).

A referência às correntes de pensamento: pós-modernismo e pós-estruturalismo é feita sem uma distinção nítida entre elas a não ser através dos autores com as quais se identificam. A primeira como claramente identificada com pensamento de Lyotard, a segunda com as posições de Foucault, Derrida e Barthes (Silva, 1996, pág. 237).

A Nova Sociologia da Educação, assim como outras vertentes críticas educacionais pautou seus estudos no sentido de avaliar como a educação (principalmente escolar) produz e reproduz as desigualdades sociais, questionou a natureza do conhecimento escolar e faz avançar nossa compreensão sobre o papel político desempenhado pela escolarização.

Pós-estruturalistas e pós-modernos consolidam muitas das propostas da Nova Sociologia da Educação. Ao rejeitar as "grandes narrativas", ao questionar um conhecimento universal e a distinção entre "alta cultura" e a cultura cotidiana abrem espaço a currículos mais vinculados às diferenças culturais. Entretanto, mais do que denunciar questões de interesse e poder na condução da instituição escolar, colocam sob suspeição toda a tradição filosófica e científica moderna, problematizando as próprias idéias de razão, progresso e ciência, que em última análise são a razão de ser da própria idéia da instituição escolar (Silva, 1996).

O campo educacional é aquele onde mais fortemente se situam os conceitos básicos sobre os quais se firmou a tradição iluminista do mundo ocidental quais sejam: a universalidade, a individualidade e a autonomia.

Onde, se não na educação, especialmente escolar, estes conceitos são tão necessários e fundamentais para se afirmar os princípios do sujeito e da consciência, os binarismos opressão/libertação, opressores/oprimidos ou para se enfatizar o papel do intelectual? Onde, se não na educação, as "grandes narrativas" legitimadoras do saber - os discursos científico e filosófico são tão onipresentes? Questiona Silva(1996, pág. 237).

O pós-estruturalismo transforma em ficção (Alcoff, 1989, pág. 4, citado por Silva, 1996, pág. 146) o sujeito livre, autônomo e auto-centrado ao qual a tradição educacional de Rousseau a Paulo Freire e Piaget vê como passível de repressão ou libertação, sendo esta última objetivo de um "projeto educacional transformador". Ora um "projeto educacional transformador" supõe uma "grande narrativa" ou meta-narrativa que o explique denunciando como deformada a visão de educação presente. Para a crítica pós-moderna explicações totalizantes estão desacreditadas, entre outros motivos, em razão das conseqüências muitas vezes desastrosas que trouxeram: no campo político, regimes totalitários e, especificamente, na educação exclusão das diferenças culturais.

As idéias pós-estruturalistas focalizam o mundo social como constituído pela linguagem que passa de representação a parte integrante e central da definição e constituição da realidade, sendo, assim, precedente àquele sujeito que ela mesma define e que deixa de ser o centro de toda a significação e de toda a ação, passando a ser encarado como resultante de múltiplas determinações. A própria linguagem deixa de ser vista como fixa, estável para ser encarada como em constante movimento "... não conseguindo nunca capturar de forma definitiva qualquer significado ..." (Silva, 1996, pág. 238).

Sob esta ótica tornam-se um tanto desprovidas de sentido as noções de uma visão ideológica da sociedade como permeando a organização do sistema escolar pois, a seguir as postulações de Foucault, os discursos constroem a realidade, instauram a verdade não existindo discursos verdadeiros ou falsos (ideológicos). "Projetos educacionais transformadores" ou uma "educação conscientizadora" que possam desvelar a visão ideológica que falseia o discurso veiculado pela escola: sobre a educação e sobre o mundo social e político, passam a existir apenas, também, como discurso.

Assim, a partir de uma perspectiva que reconhece o deslocamento do sujeito e de sua consciência do centro do mundo social, que encara a linguagem e os discursos que definem a realidade como em constante movimento é que vamos encaminhar com maior propriedade uma reflexão sobre as denominadas tecnologias educacionais e, mais especificamente, sobre o hipertexto, uma nova forma de produção e transmissão cultural.

Com este pano de fundo pensar o uso do computador, bem como o do hipertexto no contexto da educação não é tarefa tão simples, embora, hoje, em razão da força com que se impõem no espaço educativo as ferramentas ligadas à informática, tal tema venha sendo intensamente pautado nas agendas, quer daqueles que se dedicam a buscar soluções técnicas para os problemas do ensino, quer daqueles que se preocupam (e estes em menor número) com uma visão mais ampla das questões relacionadas à educação.

A tendência dos debates sobre tecnologia e educação é, via de regra, relegar o fato de que os livros, lousa, giz assim como as diferentes formas de linguagem, o próprio conteúdo curricular, o controle e a avaliação da aprendizagem, a disciplina são: instrumentos tecnológicos ou tecnologias simbólicas que medeiam a comunicação ou, ainda, tecnologias organizadoras do sistema escolar, ele mesmo também uma forma de "tecnologia" ou, usando outras palavras, uma ferramenta pedagógica.

Esta mesma tendência nos conduz a uma visão parcial, orientando-nos a focalizar como tecnologia educacional somente algumas ferramentas mais recentemente desenvolvidas e aplicadas com finalidades didáticas como: os livros didáticos, os retro-projetores, a TV, os aparelhos de vídeo, o computador e a classificar como perigosas aquelas sobre as quais temos menor conhecimento e este, especificamente é o caso do computador cujos recursos tornam possível o hipertexto.

No calor dos debates levados a cabo sobre o assunto se colocam, de um lado, os entusiastas que acreditam na missão redentora da informática e pretendem salvar a educação através do computador, acolitados pelo todo poderoso mercado que lhes coloca à disposição os mais sofisticados produtos destinados a ensinar tudo a todos, através de pacotes prontos e modelos acabados que vão desde "cursos on-line" sobre os mais diversos assuntos a "joguinhos pedagógicos", gravados em CD-Roms, em que nossos filhos, ansiosos por botões ganham florzinhas ou caretas dos personagens projetos na tela do computador a cada acerto ou erro cometido e cuja fundamentação teórico-metodológica é, para não dizer mais, absolutamente discutível.

Também nesta posição se situam os que não querem perder o "bonde da história" e estão às voltas com a programação apressada de "cursos à distância", última palavra entre os "ismos" educacionais e cuja preocupação é auferir, mensurar e avaliar resultados, especialmente financeiros.

De outro lado se postam os resistentes, alguns deles, mesmo usando em seu cotidiano uma enorme parafernália tecnológica, destinada ao conforto e ao bem estar, se recusam a reconhecer que, além da lousa, do giz e de uma boa biblioteca, também ferramentas para ensinar, outras invenções do homem podem ser úteis à educação sem torná-la desumana e seu conteúdo massificado desde que tenhamos em mente sua possibilidade de moldar novas formas de existência e sociabilidade.

Colocando-nos na mesma posição de Silva (1996, pág. 196) acreditamos que a educação institucionalizada, assim como os educadores, parecem mal equipados para lidar com novas configurações culturais, dando-nos a sensação de jurássicos frente à paisagem que os rodeia. As novas subjetividades com que a escola defronta, cujas novas determinações culturais implicam em novas capacidades mentais, cognitivas e afetivas estão a clamar por uma discussão que leve avante questões sobre: quem são os alunos, quem são os professores, o que e de que forma compete à escola ensinar.

http://www.youtube.com/watch?v=iphEbL4KS2o